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Não, não basta o pobre e infeliz sommelier ter que conviver com os garção sem noção. Para ter direito ao paraíso Baquiano, onde existem cascatas de champagne, lagos de Rieslings alemães, montanhas de pão italiano cercadas de lagos de azeite fresco e mil fontes virgens de vinho tinto jamais tocadas pelo Parker. Ele precisa penar também com outra raça ruim: os Patrão Sem Noção.

Essa raça que habita os restaurantes pode ser subdividida em 8 principais categorias:

1)      Patrão Hippie – não está nem aí pro restaurante. Desde que tenha sempre uma mesa ao ar livre pra ele e sua turma. E muitas garrafas de vinho, é claro.

2)      Patrão Marques de Sade – adora empalar os empregados e vê-los sofrer até pedirem demissão.

3)       Patrão Marciano – diz que veio da França ou da Itália e quer impor os seus costumes à força em todos os clientes. Fica verde de raiva quando botam quétichupi na pizza.

4)      Patrão Passatempo – esse é de dar dó. O coitado comprou o restaurante pensando em ter algo pra relaxar. Em breve ele se transforma no:

5)      Patrão Tupinambá – depois de perceber que ele acorda, come, dorme, toma banho, trabalha e f*$%@ só pensando no seu passatempo, vira um selvagem disposto a devorar sua equipe.

6)       Patrão Estrelinha – ele fez um curso na Cordon Bleu e fica vagando pelas mesas com pose de macho alfa de doma. Uma vez ao mês cozinha alguma coisa que é descartada pelos cozinheiros e substituída por comida de verdade.

7)      Patrão Onipresente – o caso mais infeliz.  Ele pode ser brilhante na sua área de atuação, seja médico, astronauta ou maquinista de trem. Quando chega no restaurante insiste em aplicar os métodos usados na sua profissão. A sineta vira apito, o pão é descomprido ou o frango é ressuscitado com a ajuda de aparelhos. Raramente dá certo.

8)      Patrão Bem Que Avisei – todos avisaram que ia dar merda, mas ele insistiu em comprar o bistrozinho simpático “só pra receber os amigos”. Investiu nele aquela grana que seria usada pra dar a volta ao mundo e daqui a um ano estará falido.

Por essas razões e pela conta no banco é que não tenho nenhuma inclinação a abrir meu próprio restaurante. Vai que eu me transforme em um desses tipos aí e acabe indo parar nas terras do Hades.

 

(Pra não dizer que não peguei nenhuma mania com os clientes, vou exercitar meu lado pedinte, em várias versões:

– Se fosse coisa séria você compartilhava, mas como é besteira vai só ficar olhando.

– Quantas curtidas essa princesinha merece?

– Compartilhe em 5 minutos ou todas as rolhas dos vinhos que você for abrir vão quebrar!)

patrão